quarta-feira, maio 23, 2012

Uma carta para você


São Bernardo do Campo, São Paulo, 22 de maio de 2012.

Cara Você,

Hoje meu dia foi uma loucura, mas assim que passei os olhos rapidamente pelo conteúdo de um dos e-mails que recebi, não pude evitar desacelerar para ler aquelas linhas com calma, como que saboreando cada palavra, viajando - inclusive no tempo - e dando espaço para um sentimento incrível dentro do meu coração. Quando li as primeiras palavras, esqueci que tinha 382 jobs para entregar.

Hoje meu dia foi uma loucura e, apesar da minha vontade insana de me desligar e dormir, não posso evitar estar aqui, escrevendo depois de tanto tempo, numa tentativa frustrada de responder você e de fazer com que você sinta 0,1% do que sua mensagem me fez sentir hoje. Vou tentar ser clara. Você merece isso.



Desde que comecei a escrever, sempre quis impactar alguém com as minhas linhas desajeitadas. Até hoje, quando paro para escrever por aqui, faço o que posso para fazê-lo com meu coração, com verdade e com esperança. Sim, esperança. Tento transmitir aquilo que carrego dentro de mim, mas tento transmitir também essa esperança que eu sinto. Até pouco tempo atrás, eu era uma garota que sentia muitas coisas, mas, acima de tudo, que se sentia perdida. A verdade é que eu cresci, mas por vezes ainda me sinto assim.

Por isso, quando li seu e-mail, temo dizer que me identifiquei com algumas das coisas que você escreveu ali. Até mesmo seu modo de usar travessões me lembrou de mim mesma. Mas o que me cutucou não foi como você escreveu, mas o que escreveu. Como descreveu alguns momentos da sua vida, algumas dificuldades, como falou de si mesma. Não era um conto de fadas e ainda assim você se encheu de bravura e escreveu.

A verdade é que comecei a escrever para mim mesma, para me ajudar, para me entender.  E perceber que pude fazer isso por mais alguém, mesmo que você seja a única no mundo inteiro, me deu uma outra dimensão de tudo. Me fez sentir muito diferente, muito viva, capaz. Capaz de fazer o que eu sempre quis fazer, que é ajudar as pessoas. Que é ter alguma função no mundo. Hoje você me deu um presente inestimável: me fez sentir muito orgulho; orgulho de mim, de ter tido qualquer papel que fosse nessa sua história. Mas principalmente, orgulho de você.

Você, que travou a luta mais difícil que pode haver: lutou contra si mesma, contra o vazio, contra a dor, contra a ausência de sentir, contra a desesperança, a escuridão, a vontade irresistível de fugir, de sumir. Esses seus inimigos também já foram meus. Como lutar se já não há força alguma dentro de você? Mas você fez isso. E, segundo me contou, saiu vencedora desta batalha que parecia impossível e onde muitos se perdem para sempre. Meus profundos e sinceros parabéns.

Já tem algum tempo que não atualizo esse espaço, que não consigo deletar devido ao imenso carinho que sinto por ele. Algumas coisas me impedem de excluir esse blog: os textos que aqui estão registrados, os comentários que algumas pessoas gentis deixaram, a memória, a história que aqui está presente e tudo o que isso representa. Muitas são as razões que me afastaram daqui: a vida mudou bastante, tenho trabalhado muito e esse trabalho tem consumido não apenas meu tempo, mas também parte importante da minha inspiração. Mas, hoje, você me deu a mais forte de todas as razões para preservar essa história toda.

Eu, que escrevia por egoísmo, descobri há algum tempo que queria mudar o mundo através das minhas letras aleatórias. E se você me diz que fui capaz de mudar o seu mundo, de te dar uma gota de força que fosse para seguir nessa guerra, então você pode entender exatamente o que este seu e-mail significa para mim. Me deu força, mudou meu mundo, me encheu de coragem e daquela boa e velha esperança que todo mundo precisa ter para poder acordar todos os dias e enfrentar a vida.

Nos últimos tempos, no meio de tanta coisa difícil, de tantos problemas, de tanto desânimo, tenho tido - graças a Deus - muitas razões para sorrir, para me sentir feliz, para sentir uma luz brilhar no meu coração. Hoje, neste dia tão frio, seu e-mail me esquentou de forma que o cobertor grosso que me cobre agora não consegue, me esquentou por dentro.

Seu e-mail me trouxe esperança, essa mesmo, que você diz para tudo há de havê-la. E você tem razão quando diz que sempre haverá boas mudanças.  Hoje, por causa do seu e-mail, eu sou prova disso.

Obrigada.

Da SUA fã.

PS: comecei a escrever na noite de 22, mas como só acabei agora... o blogger registrou como 23.

3 palpites bem-vindos!:

Cal disse...

Faça um favor para a humanidade: mantenha esse blog!

Um beijo.

Mariana disse...

Mesmo que não poste mais, deixe-o vivo. Ele serviu pra levantar alguém, pode servir pra levantar milhares de pessoas; Se há quem busque seu blog, não tens escolha: deve deixá-lo ativo :) BJ!

Anne Beatriz disse...

Diandra, que lindo!

Sabe, eu entendo. Já chegaram pessoas comigo, pessoas que eu nem conhecia direito, dizendo que eu, de algum modo, mudava a vida delas e as inspirava. Isso me faia tão bem, como se eu tivesse cumprindo minha missão nesse mundo: espalhar sonhos, felicidade e esperança.
Talvez essa seja a missão de algumas pessoas e você, com certeza, é uma delas. Não abandone o blog não. O meu também já tem seus quatro anos e uma atualização bem rara, mas eu não consigo abandoná-lo pelos mesmo motivos que você. Então fica por aqui, faz esse favor :)