sábado, maio 30, 2009

Dois em um.

Depois de mais de 10 dias sem atualizações... dois textos em uma só tacada. Espero que aproveitem.

Um milhão de reais, 24 horas
Oscar Freire, 00h01. Essa seria a primeira parada que faria se tivesse apenas um dia para gastar R$1 milhãozinho. Construiria então o guarda-roupas dos sonhos. Com essa grana, não seria difícil fazer as lojas abrirem em horário especial só para mim. Em seguida, compraria alguns carros; nada muito exagerado. Um ou dois para mim, outro para a minha mãe. Me daria viagens sem fim, para cada mês do ano. Distribuiria presentes a todos os amigos, não passaria vontade nenhuma. Compraria centenas de livros, muitos deles. Investiria em um apê bacana, mas nada ultrapassando os 500 mil. Montaria um negócio para mim, talvez um jornal esportivo ou uma revista feminina, coisa simples mesmo, só para começar. Viraria sócia vitalícia do Santos FC e compraria todos os produtos licenciados do time, talvez um camarote especial. Trocaria o computador do meu quarto e me daria uns dois laptops potentes. Abarrotaria a despensa de casa com todo tipo de comida e guloseima. Redecoraria minha casa do jeito mais lindo, pra matar qualquer foto de revista de inveja. Adiantaria as contas aqui de casa e a faculdade. Turbinaria meu peito ausente e terminaria o dia me mandando para um Spa, para relaxar e pensar na vida. Longe, bem longe do trabalho e do estresse de ser rica por um dia..

O que você faria se tivesse um dia para gastar R$1 milhão de reais, sem doar para a caridade?


Orogotango Winehouse.
Não sou uma garota tímida, então me vestir de menino no acampamento com as roupas do cara em quem eu estava interessada não foi nada muito absurdo. Como gosto de atuar, sempre faço estes episódios parecerem corriqueiros. Antes da festa de confraternização da agência onde trabalho, no final do ano passado, me transformei em Amy Winehouse. Estava na empresa há apenas 4 meses e deixei minha chefe usar um copo de plástico e quilos de gel para fazer um penteado no meu cabelo, no final do meu expediente. Deixei também que pintassem meus olhos, passassem um batom vermelho na minha boca e desenhassem até uma pinta em mim. Mas isso não bastou. Como a boa cara de pau que sou, desfilei na pela agência falando inglês, carregando um copo vazio, como se estivesse bêbada, fazendo graça e tirando fotos. A empresa parou, passei em todas as mesas. Fui assim para a festa, que aconteceu umas três horas depois e não era a fantasia. Lá, falei inglês a noite inteira, cantei e dancei no karaokê as músicas mais queima-filme possíveis. Até acharam que eu estivesse bêbada e então escalaram um cara para me impedir de beber mais e me alimentar. Fui pra casa depois de me divertir muito e entrei pela garagem para não assustar o porteiro: se já estava ridícula, imagina depois do fim da festa?Entrei no elevador e, quando estava fechando a porta, uma mão me impediu: era só o cara mais gato do prédio.

Pauta sobre Mico
PS: Até hoje tem gente que me chama de "Amy" lá na empresa.

Confira algumas fotos do mico feliz, em quatro momentos


Tudo começou aqui


Aqui eu já desfilava falando inglês.
PS: A mulher de casaco branco era
só a vice-presidente da empresa.

Passeando pela agência

Já na festa, com algumas fãs

quinta-feira, maio 14, 2009

Querido irmão, você me dá uma camisinha?

Uma amiga mais velha, cuja identidade preservarei, sempre foi muito reticente para falar qualquer coisa sobre o tão temido sexo. Ela era religiosa e tinha o sonho de casar virgem. O sobrenome da mãe dela era Pinto e ela tinha tanta vergonha de falar a palavra, que a mãe dela acabava sem um dos sobrenomes, toda vez. Eu, que sempre fui desinibida para falar sobre o assunto, tirava sarro. Mas eu não presto mesmo, então não é nenhuma novidade.
Sempre conversei sobre sexo com meus amigos, acho que desde a sexta-série, quando a professora Rosa me fez pedir uma camisinha para um dos meus irmãos e deu uma aulinha engraçada sobre como colocar o preservativo no colega do lado. Calma, mãe! A gente só colocava nos dedos do amiguinho, que fique bem claro. Mas nem preciso dizer a farra que foi aquela aula, em pleno colégio confessional.
Em casa, sexo nunca foi um assunto proibido, mas é claro que ninguém vai discutir performances e desempenhos. Meu irmão sempre levou as namoradas para dormir em casa, prática que foi seguida pelo meu irmão do meio e que, segundo meu pai, não poderá ser seguida por mim, nem minha irmã. Nunca sei se ele fala brincando ou se é tão machista assim, mas me lembro que quando eu tinha uns 13 anos ele e minha madrasta sempre falavam sobre sexo comigo, geralmente no carro. Me davam conselhos, falavam sobre prevenção de doenças, gravidez e etc. Era engraçado, eu me sentia como se eu fosse uma adultinha.
Talvez por isso, eu nunca tenha tido problemas com o tema da sexualidade. O que, provavelmente, não deve ter acontecido na casa dessa minha amiga. O final da história dela, no entanto, é diferente do começo: ela começou a namorar, ampliou suas visões, experienciou as coisas por conta própria e hoje em dia não fica mais vermelha de vergonha só por pronunciar determinadas palavras. Meu orgulho. x3


Pauta: Vamos falar de Séquisso!
Pro portal.



sábado, maio 09, 2009

Peças do destino

Ele era sossegado, meio na dele, quase tímido. Do tipo que precisa de dois copos de cerveja no bar, para se soltar um pouco mais com os amigos e poder comentar da garçonete gostosa sem pintar o rosto de vermelho. Namorou com poucas, sempre por muito tempo. Tomou um pé na bunda da última vez e andava meio esquisito, mais inseguro, quase sem olhar para as mulheres.
Ela era uma maluca. Hiperativa, pouco discreta, muito animada e sempre rodeada de gente. Não precisava de nada para animar qualquer lugar onde fosse, mas se bebia um pouquinho virava a atração não só da mesa de amigos, como do bar todo. Fazia amigos onde fosse, mesmo no pedágio pra descer a serra. Tinha o dom de transformar as situações. Chamava atenção dos homens, mas muitos tinham medo de se aproximar e até mesmo de serem ofuscados por tanto brilho. Parecia uma devoradora, mas no fundo, estava sempre sozinha. As aparências enganam, quase sempre enganam.
Um dia, os caminhos de ambos se encontraram, no lugar mais improvável do mundo, na situação mais inusitada. As probabilidades de - em um dia normal - ele olhar para ela e ela para ele eram nulas. Por isso que eu digo que aquele não era um dia normal. Naquele dia, ela se sentia especialmente só, enquanto ele, especialmente vazio. Coincidentemente, cada um deles decidiu que sairia sozinho, sem a proteção dos amigos, sem as risadas mascaradas e sem a rede de segurança. Não foram longe. Acabaram na padaria badalada da cidade, que ela sempre frequentava, mas que ele não gostava.
Cada um sentou em uma mesa. Ele pediu um café com leite e um pão com manteiga. Ela, um nescau batido com um misto quente. Estavam, cada um, tão alheios ao mundo e concentrados em suas próprias dores, que não olharam em volta. E mais uma vez, não se viram.
Até que Nalvinha, a garçonete, levou o café com leite na mesa dela. E o nescau na mesa dele. Com a confusão, foram obrigados a sair de suas bolhas. Ele não iria dizer nada, ia apenas aceitar que o destino quis que ele tomasse nescau ao invés de café, poderia ser bom para seu estômago, afinal. Mas ela odiava café e não estava acostumada a deixar as coisas passarem. Reclamou, com jeitinho, claro. Um jeitinho que fez ele levantar os olhos para a mesa ao lado.
Quando os olhares se cruzaram, entenderam a confusão. Ela, mais rápido que ele.
Pegou a bolsa, o prato com o misto e o café e - sem dizer nada - sentou à mesa dele, no lugar vago que ele tinha a frente.
Em cinco minutos ele descobriu que ela era Eduarda (ele Eduardo), nascida um dia antes dele, formada em duas faculdades, apaixonada por pizza portuguesa e filha de pais separados. Algo se mexeu dentro dele, mas ele não entendeu. Começou a falar também, menos que ela, mas falou como não falava desde o colégio.
Seis cafés, quatro copos de nescau, um pão com manteiga, um misto quente, três pães de queijo, dois pedaços de pizza, duas cocas e quase seis horas depois, perceberam uma Nalvinha sem graça, querendo fechar a padaria. Todas as cadeiras já estavam em cima das mesas, as luzes de metade do estabelecimento apagadas e uma fila de funcionários já sem o uniforme encostados no balcão, apenas esperando os dois.
Foram para casa, cada um em seu carro. Quando entrava na garagem, ele percebeu que sequer pegara o telefone dela. Sentiu um vazio inexplicável e quis voltar para a cidade, procurá-la pelas ruas. Seu bom senso o segurou e ele começou a se conformar, nunca mais a veria. O elevador parou no térreo e, quando a porta se abriu, sentiu como se estivesse em queda livre: era ela.
Mais que isso, era o destino.